Thursday, March 17, 2011

ELKA Rhapsody 490 (texto em português)



A Elka foi uma empresa italiana que existiu nos anos 70 e teve como presidente Piero Crucianelli, irmão de Mario Crucianelli, fundador da Crumar, outra famosa marca de teclados e sintetizadores analógicos. Talvez seu instrumento mais famoso – e hoje em dia o mais valorizado - tenha sido o Synthex (concebido por Mario Maggi, engenheiro eletrônico italiano e um dos responsáveis pelo disco “Automat”, de 1977), mas sem sombra de dúvida os teclados mais vendidos e motivos para a Elka tornar-se uma empresa mundialmente conhecida foram os “string machines” Rhapsody 490 e Rhapsody 610. As principais diferenças entre o 490 e o 610 é que o segundo possui sons de piano e clavinete, além dos strings do primeiro. O número presente no nome de cada um indica a extensão do teclado – o 490 tem 49 teclas (4 oitavas) e o 610 tem 61 teclas (5 oitavas).

O Elka Rhapsody 490 começou a ser fabricado por volta de 1974, exatamente no boom dos teclados que emulavam sons de corda. Em termos de timbres e sonoridade, definitivamente este não é o caso do Rhapsody 490 já que o som dele é muito característico e não se aproxima nem um pouco do som de cordas reais e nem mesmo do som de um mellotron, por exemplo. Sua fabricação durou até mais ou menos o ano de 1980.


Com um chassi tosco – o que não desmerece em nada a sonoridade do instrumento – e uma eletrônica simples, o Rhapsody 490 possui apenas dois timbres diferentes (violoncello e strings), que podem ser somados, resultando em um terceiro e mais interessante som. Controles deslizantes de volume e sustain completam as poucas possibilidades. O teclado tem extensão de 4 oitavas (Dó a Dó) - como ja comentei anteriormente - e polifonia total. Na parte traseira do intrumento existem apenas uma saída de audio e um soquete de 3 pinos para o pedal de sustain.



Entre os muitos artistas e bandas que usaram um modelo destes, posso citar a banda de krautrock Tangerine Dream e os músicos e compositores Jean-Michael Jarre e Vangelis Papathanassiou. Tony Banks, tecladista do Genesis, utilizou um Elka na introdução da música “Here comes the supernatural anaesthesist”, do magnífico disco “The lamb lies down on Broadway”, somando seu som ao do mellotron. Já Steve Hacket (guitarrista do Genesis) também utilizou - provavelmente o mesmo instrumento - no seu “Voyage to Acolyte”, no mesmo ano, 1975. A banda italiana Locanda Delle Fate utilizou um no seu album “Forse le luciolle non si amino più”, de 1977 e Claudio Simonetti, da banda Goblin - conhecida por suas trilhas sonoras para os filmes de Dario Argento e George Romero - também utilizou um Rhapsody 490 em varias musicas (algumas podem ser encontradas em videos de programas da TV italiana, nos anos 70!!!)


O curioso é que o StringVox, teclado fabricado pela empresa alemã Hohner, e o Elka Rhapsody 490 são exatamente o mesmo instrumento! As únicas diferenças entre os dois é que o Elka vinha em um chassi preto enquanto o Hohner vinha em um chassi bege, além de ter as inscrições em alemão “aus” e “ein” (desligado e ligado) no interruptor de eletricidade.

Tenho meu Elka Rhapsody 490 há uns quinze anos, talvez mais, não tenho como saber ao certo. Lembro de ir de carro com meu pai na cidade de Portão, interior do Rio Grande do Sul busca-lo. Na ocasião, comprei um Fender Rhodes Mark I/88 teclas e “ganhei de brinde” o Elka de um cara muito legal chamado Jones. Acabei, por pura burrice, vendendo o Fender Rhodes mas mantive o Elka por todos estes anos. É um intrumento muito legal e uso ele bastante em gravações e alguns shows, quando preciso de um som de cordas legal. Aliás, foi num destes shows para o qual levei ele que acabei perdendo a capinha do slider de volume original. O número de série do meu Elka é 3341 e ainda está colado nele um adesivo da “Casas Manon”, antiga loja de instrumentos musicais de São Paulo, provavelmente primeiro local onde ele foi adquirido, ainda nos anos 70. O teclado está funcionando bem, apesar de precisar de uma limpeza interna na parte elétrica.


photos: Kay Mavrides


Gravei uma demonstração do Elka Rhapsody 490 no dia 14 de março de 2011!

Thursday, March 03, 2011

ROLAND EP-30 electronic piano (texto em português)



A Roland Corporation foi fundada em 18 de abril de 1972 por Ikutaro Kakehashi a partir da Acetone, empresa que ele já havia fundado quase 10 anos antes e que tinha como principais estrelas os orgãos e baterias eletrônicas. Os produtos iniciais fabricados pela Roland foram justamente baterias eletônicas, mas logo no primeiro ano de existência surgiram o primeiro sintetizador (SH-1000) e o primeiro piano eletrônico (EP-10) da empresa e no ano seguinte, 1974, o primeiro piano eletrônico com teclas sensíveis ao toque (mais ou menos como as de um piano mesmo) do mundo, o Roland EP-30. Esta sensibilidade das teclas pode ser anulada por meio do knob de volume, puxando-o.



O EP-30 possui um teclado totalmente polifônico com 5 oitavas de extensão (de Fá a Fá) e quatro timbres diferentes, 2 pianos e 2 cravos. Além disso, em sua oitava e meia mais grave, pode ser acionado um som de baixo através de um switcher. Todos os presets podem ter adicionado um vibrato que tem controles individuais de velocidade e profundidade. Um knob para ajuste de afinação tambem está presente na parte frontal do EP-30.


Diferente de um piano elétrico Rhodes, de um piano eletrônico Wurlitzer ou de um “pianet” Hohner, o EP-30 é totalmente eletrônico, ou seja, não possui ação mecânica real (apenas simulada eletrônicamente) e suas teclas não tem o mesmo peso das de um piano. Seu som é gerado a partir de osciladores de frequência fixos. Mesmo assim, seguindo o padrão dos pianos elétricos/eletrônicos da época, o próprio chassi é a base do seu estojo e uma tampa acompanha o instrumento, além de uma base para partituras que pode ser acoplada em cima dele.

Na parte traseira os conectores são muito simples, sendo um jack para o pedal de sustain e os outros dois de saida de audio de baixa e alta impedância (para fones de ouvido). Este instrumento tem uma espécie de gaveta na parte inferior que serve para guardar o cabo que liga ele a rede elétrica. Detalhe interessante e muito útil que deveria ter continuado a ser feito, tanto nos instrumentos da Roland quanto nos de outros fabricantes!



Comprei meu Roland EP-30 em julho de 2009, de um amigo que conserta instrumentos analógicos em São Paulo. Ele – o piano, óbvio – está em excelente estado de conservação, com excessão de alguma ferrugem no chassi. Todos os knobs são originais de fabrica e comprei com a tampa e a base para partituras originais inclusas! O número de série do meu é 311.410 e nenhuma modificação ou adaptação foi feita. Por se tratar de um instrumento raro – não sei de nenhum outro, pelo menos no Brasi - não achei muita informação sobre ele, portanto não tenho nenhum nome para citar de músico ou banda que tenha utilizado um piano eletrônico deste modelo.


photos: Kay Mavrides

Gravei este video no dia 02 de março de 2011!




Achei o Manual do Usuário (em japones) na internet e aqui esta o link:
http://safemanuals.com/fullswf-ROLAND.php?type=.SWF&file=SWF/ROLAND/08-10-10-04-06-44-591&langue=en&img_width=515&img_height=728&cat=vide

E aqui está um anuncio original da época, com o preço sugerido para venda de JPY 180.000 que, convertido em dólares, da algo em torno de U$ 2.200.