Saturday, May 14, 2011
Korg VC-10 vocoder (texto em português)
Fabricado entre 1978 e 1982, o VC-10 da Korg foi o vocoder mais popular dentre os muitos modelos feitos nos anos 70 por vários fabricantes. Quando o VC-10 surgiu no mercado, tanto a Korg - inicialmente chamada de Keio Electronic Laboratories - quanto o decodificador de voz (ou vocoder) já tinham alguns anos de existência. O que a Korg fez foi acoplar um sintetizador ao que já existia e isto foi o que tornou este instumento extremamente popular: a portabilidade e praticidade de se ter um vocoder e não necessitar instrumento externo para gerar sinal de áudio e modular a afinação. Criaram um vocoder “auto-suficiente”, era só plugar um microfone nele e estava feita a festa!
Simplificando um pouco a explicação para o funcionamento de um vocoder analógico, ele capta o sinal de um microfone ou outro equipamento, analisa continuamente o espectro de frequências deste e combina com o espectro de frequências de outro instrumento. A afinação de saída será gerada pelo segundo instrumento enquanto as caracteristicas de timbre e articulação serão as do primeiro instrumento ou voz. Simplificando mais ainda, ele transforma a voz humana em voz sintetizada.
O VC-10 é um instrumento relativamente simples de se utilizar. Seus controles são poucos se compararmos com outros vocoders analógicos da mesma época e o resultado sonoro que pode ser alcançado com ele é - também relativamente - limitado, apesar de único e brilhante! Ele vem com três efeitos internos: um vibrato com ajustes individuais de velocidade e profundidade, um controle de “Accent Bend” (seja la o que isso for) que é muito legal em determinadas situações e um efeito denominado “ensemble”, que funciona como um bom e velho chorus, apesar de ser fixo (não tem knob algum, só um switcher de liga e desliga). Pode se passar outros intrumentos ou o microfone pelo “ensemble” diretamente sem passar pelo vocoder – usei este recurso para gravar algumas guitarras do meu disco novo. O teclado é totalmente polifônico e tem extensão de duas oitavas e meia (32 teclas, de Fá a Dó) e pode se subir uma oitava através de um switch seletor. Controles de volume de entrada e saída para o microfone e para o sinal externo (se a opção for utilizar outro sintetizador ou instrumento que não o do próprio VC-10) e um VU muito legal e esteticamente bonito a ponto de roubar a cena também estão presentes no painel frontal (não existe jack de entrada nem saída na parte traseira do instrumento). Um knob de balance entre o sintetizador e um gerador de ruído completam o instrumento.
Muitos artistas utilizaram este modelo específico visto que, como comentei aqui, este foi um dos vocoders mais populares já produzidos. Mas para ficar nos nomes mais conhecidos cito Rick Wakeman, Keith Emerson, Klaus Schulze (em discos solo e com o “Tangerine Dream”), Isao Tomita (nos discos The Bermuda Triangle, de 1979, e Bolero, de 1980), Roger Waters, Joe Zawinul (com a banda Weather Report), Air, Geoff Downes (com os Buggles, no clássico “I love you miss robot”, com o Yes no álbum Drama - de 1980 - e em várias músicas do Asia), Rudiger Lorenz, Apollo 440, Klaus Netzle (também conhecido como Carlos Futura, Claude Larson e VC-people), Trans X, Steven Tyler (do Aerosmith, na música “Prelude to Joanie” do disco Rock in a Hard Place), Tommy Mars (tecladista da banda do Frank Zappa), Goldfrapp, Dave Greenfield (tecladista da banda inglesa The Stranglers, nos álbuns The Raven, de 1979, Gospel according to Meninblack de 1981, e Aural Sculpture, de 1983) e o Daft Punk. Ahhhh, e eu, obviamente!!!
Tenho o meu Korg VC-10 desde o dia 18 de julho de 2007. Lembro bem da data pois foi exatamente um dia após o acidente do vôo 3054 da TAM, no aeroporto de Congonhas! Comprei ele em Caxias do Sul (RS) e lembro que, como morreram vários passageiros de Caxias neste vôo, era o único assunto de todas as pessoas naquela chuvosa manhã seguinte. De Caxias fui direto para o estudio do Cristiano Krause, em São Leopoldo, pois tinha gravação com a banda Animales. O vocoder em si não pesa muito - cerca de 7 kilos - mas só o case que vinha com ele deve pesar uns 10, 15 kilos. Foi difícil de carregar sozinho. Enfim, comprei ele praticamente intacto e original - como deve ter saído da fabrica, no final dos anos 70/início dos 80 - com excessão de uma adaptação no “pedestal” de microfone (o original de fabrica vinha com um microfone/pedestal da própria Korg). Demorei alguns dias para dominar o uso dele em gravações e em apresentações ao vivo, mas isso não me impediu de utiliza-lo desde o primeiro momento em que coloquei minhas mãos nele. Hoje em dia domino a ponto de processar não só voz mas também vários outros instrumentos (no meu disco novo passei o sinal das baterias eletrônicas de 3 músicas por ele e ficou muito bom e, até onde eu sei ou lembro, diferente de toda e qualquer música que eu ja tenha ouvido!). O número de série do meu Korg VC-10 é 161199. É um dos instrumentos mais raros que tenho – provavelmente é “o” mais raro – e, juntamente com meu minimoog, o mais bonito!
photos: Kay Mavrides
Gravei este video no sabado, dia 14 de maio de 2011!
Achei este anúncio bizarro e bacana na intenet:
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