Hyman Paul Bley nasceu no dia 10 de novembro de 1932, na cidade de Montreal, no Canada. Filho de Betty Marcovitch (uma imigrante vinda da Romenia) e Joe Bley, Paul estudou violino e piano na sua infância e começou sua carreira como músico profissional na segunda metade dos anos 40. Em 1949 (aos 18 anos de idade) ele substituiu o pianista de jazz Oscar Peterson no Alberta Lounge, em Montreal. No ano seguinte - 1950 - ele mudou-se para New York, onde passou a atuar com frequência na cena de jazz da cidade, tocando com vários gigantes do jazz da época, como Charlie Parker, Sonny Rollins, Ben Webster e vários outros. Em 1953, Paul Bley lançou seu álbum de estréia, "Introducing Paul Bley" (com Charles Mingus no baixo e Art Blakey na bateria).
Em 1957, Paul mudou-se novamente, desta vez para a California, onde tocou com vários jazzistas, incluindo Ornette Coleman, Don Cherry, Charlie Haden, Billy Higgens, Bobby Hutchinson, Scotty LaFaro e outros. Ele retornou a NY dois anos depois, para tocar no Five Spot Cafe (seus colegas de banda nesta ocasião eram Roland Kirk, Oliver Nelson e Jimmy Giuffre).
Em 1960, ele participou de dois álbuns lançados por Charlie Mingus ("Pre-bird" e "Mingus") e, no ano seguinte, Paul Bley viajou em tour pela Europa pela primeira vez, com Jimmy Giuffre e Steve Swallow. O Jimmy Giuffre 3 lançou o LP "Fusion" em 1961 (o álbum incluía dois temas de Carla Bley, ex-esposa de Paul). Em 1963, Paul Bley e Herbie Hancock foram ambos convidados para ingressar nas bandas de Miles Davis e Sonny Rollins. Bley escolheu Rollins e Herbie escolheu Miles, então Bley viajou ao Japão em uma tour com Sonny Rollins naquele mesmo ano e tocou piano no famoso álbum "Sonny Meets Hawks!", creditado aos saxofonistas Sonny Rollins e Coleman Hawkins. Também em 1963 Paul lançou o álbum "Footloose", com Steve Swallow no baixo e Pete LaRoca na bateria (este disco também incluía temas compostos por Carla Bley). Em 1966 o disco"Blood" foi lançado, gravado ao vivo na Holanda e trazendo composições de Paul Bley e Annette Peacock (além de Carla Bley), marcando uma parceria bacana entre Paul Bley e Annette Peacock.
Na segunda metade dos anos 60, Paul Bley interessou-se por sintetizadores, sendo um dos primeiros a levar um Moog Modular Synthesizer System para o palco (em um concerto no Phillarmonic Hall, em New York, no dia 26 de dezembro de 1969). Suas experiências com equipamentos eletrônicos e sintetizadores o levaram a lançar grandes discos de "improviso eletrônico", entre 1969 e 1972, incluindo "Revenge: The Bigger The Love The Greater The Hate" (de 1971, creditado ao Bley-Peacock Synthesizer Show), "Improvisie" (de 1971, creditado a Paul Bley) e "The Paul Bley Synthesizer Show" (também de 1971, creditado ao The Paul Bley Synthesizer Show). As experiências que Paul Bley e Annete Peacock fizeram com a eletrônica são impressionantes, com a voz de Annette passando pelos circuitos eletrônicos e sintetizadores em várias músicas! Paul Bley também utilizou um sintetizador ARP 2500 neste periodo.
Em 1972, ele gravou "Ballads", lançado pela ECM Records. Sem sintetizadores desta vez, apenas Paul Bley no piano e os baixistas Gary Peacock (no lado 1 do LP) e Mark Levinson (no lado 2). No ano seguinte, Paul conheceu a cineasta e 'video artist' Carol Goss e juntos criaram o selo Improvising Artists (IAI). O IAI foi creditado pela criação do primeiro 'vídeo musical' (como resultado da colaboração entre músicos de jazz e 'video artists' que o selo produzia) e, em 1974, o IAI também foi responsável pela produção e lançamento do primeiro disco do baixista Jaco Pastorius (onde também estreou outro nome que ficaria famoso no jazz posteriormente, o guitarrista Pat Metheny, que não havia sido contratado, mas apareceu nas sessões de gravação do disco de Jaco).
Nos anos 80, 90 e 2000, Paul Bley lançou centenas de gravações e viajou o mundo todo para apresentações. Você pode encontrar mais informações sobre o homem e sua obra na biografia "Stopping Time: Paul Bley and the Transformation of Jazz" (publicada em 1999) e também seus conceitos sobre improvisação no livro "Time Will Tell: Conversations With Paul Bley" (publicado em 2003). Eu tive a honra e o prazer de contatar Paul Bley e Carol Goss através do website da Improvising Arts e a Carol em pessoa respondeu minhas mensagens e convite para esta entrevista. Gostaria muito de agradecer à Carol e ao Paul Bley por esta grande oportunidade que tive, de contatar um dos mais prolíficos músicos de jazz de todo o mundo! Aqui estão algumas perguntas que eu enviei para Carol e Paul, que eles gentilmente responderam:
ASTRONAUTA - Na segunda metade dos anos 60 você começou a experimentar com sintetizadores, sendo um dos pioneiros a levar um Moog Modular Synthesizer para o palco (no Philharmonic Hall, NY, no dia 26 de dezembro de 1969). Você também utilizou um ARP 2500 em alguns dos seus álbuns, certo? Como você percebeu que os sintetizadores poderiam fazer parte da sua música? E, pensando naqueles dias, quais são suas melhores e piores lembranças sobre utilizar um sintetizador modular para tocar ao vivo?
PAUL BLEY - Os sintetizadores tem um alcance ilimitado: atingem frequências mais altas e mais baixas do que a audição humana. Acionando uma única tecla você pode modificar inúmeras coisas.
Pior lembrança: Estava demorando uma eternidade para configurar o ARP no Village Vanguard, plugar todos os cabos, pedais, etc. O público estava sentado, esperando. Finalmente Max Gordon disse 'Saia já daqui e não volte nunca mais!'
Eu nunca mais toquei no Vanguard Village.
Melhor lembrança: Quando eu o vendi.
ASTRONAUTA - Como e quando você conheceu o Robert Moog e quais suas lembranças sobre isso?
PAUL BLEY - Eu liguei para Bob Moog e disse que era Paul Bley. Ele me convidou para ir na sua fabrica, em Trumansburg. Eu estava com o carro de um amigo e nós colocamos o sintetizador no banco traseiro, enquanto o motor ainda estava ligado.
ASTRONAUTA - Nos anos 70 você e Carol Goss fundaram a Improvising Arts (IAI), responsável pelo lançamento do disco de estréia do Jaco Pastorius e do Pat Metheny. Como vocês conheceram estes dois músicos e qual foi o sentimento de terem lançado este disco, já que ambos - Jaco e Pat - se tornaram dois dos nomes mais conhecidos do jazz-rock nos anos 70?
CAROL GOSS - Paul e eu viajamos para Miami no inverno. Lá eu arrumei algumas apresentações para o Paul, com o sintetizador ARP - uma para a PBS Television e outra no Space Transit Planetarium, em Coconut Grove. Nós batizamos a gravação que fizemos no planetário de "Blast Off". Paul trouxe de New Your a sessão rítmica da banda para estas apresentações mas, em seguida, algumas pessoas o apresentaram para uns músicos locais - incluindo Jaco Pastorius e Bruce Ditmas. Quando Paul e eu produzimos o álbum "Jaco", em NYC, nós trouxemos o Jaco de Miami, na primavera de 1974. Bruce já estava em New York. Antes da sessão de gravação no Blue Rock Studios, eles fizeram uma apresentação no 'Cafe Wha?', localizado no Greenwich Village, na qual Ross Traut foi o guitarrista. Pat Metheny era um estudante no Berklee, em Boston. Ele estava na platéia e pediu para se juntar ao grupo. O resto é história.
ASTRONAUTA - Paul, quais são seus planos para o futuro, algum novo disco a ser lançado?
PAUL BLEY - Em 2014 a ECM lançará meu concerto solo, gravado durante o Oslo Jazz Festival: PAUL BLEY / PLAY BLUE / OSLO CONCERT.
Site da Improvising Arts: www.improvarts.com
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