Bruno Alexander Spoerri nasceu no dia 16 de agosto de 1935, em Zurique, Suiça. Ele estudou piano por algum tempo na sua juventude, mas mudou para o saxofone logo em seguida, e foi justamente tocando saxofone que Bruno Spoerri fez parte de várias bandas de jazz na Suiça. Em Basel e em Zurique, Bruno frequentou a universidade e graduou-se em psicologia e, em seguida, trabalhou como psicólogo e orientador vocacional. Em 1964, ele foi convidado para trabalhar em uma agência de publicidade e começou a se envolver com a música eletrônica, primeiramente utilizando um Ondes Martenot e, na sequência, adquirindo vários sintetizadores e também fazendo experiências com saxofones eletrificados e sintetizados.
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Entrei em contato com Bruno Spoerri por email há algumas semanas, logo após minha entrevista com Joel Chadabe, em agosto. Joel citou o nome de Bruno, pois os dois haviam trabalhado juntos em algumas ocasiões. Bruno foi muito gentil em aceitar meu convite para esta entrevista e eu fico muito lisonjeado e grato com a oportunidade de manter contato com este grande pioneiro da música eletrônica feita na Suiça. Aqui está a entrevista!
ASTRONAUTA - Bruno, quais foram seus primeiros passos na música, o primeiro instrumento que você aprendeu a tocar e quais foram suas primeiras influências musicais? Como e quando você se interessou pela música eletrônica?
ASTRONAUTA - Você ainda possui ou utiliza algum sintetizador analógico?
BRUNO - A maior parte do meu equipamento analógico foi vendida (a maioria para o notável Synthorama, do suiço Martin Hollinger), mas eu ainda tenho meu primeiro sintetizador - um EMS VCS-3 de 1970 -, um ARP 2600 com o sequencer e o Lyricon I e II. Eu utilizo o Lyricon bastante em apresentações, os outros equipamentos eu uso basicamente para demonstrações aos visitantes.
BRUNO - Eu adquiri o Synthi 100 em 1971. Em 1987 eu dei ele ao Felix Visser (Synton), na troca por um Fairlight CMI; alguns anos mais tarde, o Felix vendeu o Synthi 100 em um leilão. Eu não tenho conhecimento de onde esteja este sintetizador hoje em dia (mas eu o reconheceria, ja que fiz algumas pequenas alterações no Synthi 100).
ASTRONAUTA - Também nos anos 70, você fez experiências com saxofones eletrificados. Qual era o processo que você utilizava para eletrificar seus instrumentos de sopro?
BRUNO - Como um saxofonista e jazista improvisador, eu sempre procurei por maneiras de tocar sintetizador sem o teclado. Em 1967 eu tive a chance de experimentar um Selmer Varitone, mas (era muito caro) e eu mudei para o Conn Multivider e, mais tarde, para o Hammond Condor. Eu utilizei o Multivider em vários concertos (em 1969 nos apresentamos no Montreux Jazz Festival com nossa banda de jazz-rock, e lá eu conheci o Eddie Harris). Em 1972 eu passei a utilizar o EMS pitch-to-voltage-converter com o saxofone em concertos (juntamente com o VCS-3, eu podia tocar harmonias com três notas e até mesmo algumas melodias de contraponto) e em 1975 eu vi um anúncio do Lyricon e encomendei um imediatamente.
ASTRONAUTA - Encontramos várias informações sobre os primórdios da música eletrônica feita nos Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Japão, mas infelizmente temos pouca informação sobre a música eletrônica feita em outros países. Como era trabalhar com música eletrônica na Suiça nos anos 60 e 70?
BRUNO - Bem, eu escrevi um livro sobre isto (Musik aus dem Nichts, Geschichte der elektroakustischen Music in der Schweiz), que cobre a história toda - aliás, está apenas em alemão, ja que ninguém se prontificou a traduzi-lo. A maioria dos meus colegas do jazz odiavam a música eletrônica (mas eles também odiavam o jazz-rock). No mundo dos comerciais, por outro lado, eu tive muitas chances: eu pude fazer programas de TV, vinhetas para TV, várias músicas para filmes e alguns LPs (como, por exemplo, com Erich von Däniken), etc.
Mais informações no site oficial do Bruno Spoerri: http://www.computerjazz.ch/
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